ou
"10 segundos olhando a velha catadora de latas"
O lenço que a protegera do sol, no cair da noite clara de Joensuu aquecia suas orelhas sem deixar de impedir que seus tímpanos vibrassem com o ruído estrondoso que atravessava as cercas e varava a cidade. Seus olhos cansados pareciam não se importar com o rugir das guitarras e baterias.
Milhares de olhos semi-mortos vagavam avermelhados sem perceber a velha e suas rugas queimadas de sol, sua boca destrocada pelo tempo e suas mãos umidecidas pelo veneno que os fizeram vagar zumbis ao seu redor. Envergavam-se com o peso de suas cabeças encharcadas. A brisa lhes soprava como se os chacoalhassem em tentativa vãs de despertá-los do transe.
E a senhora seguia, do Ilosaarirock nada sabia. No rastro dos bêbados, desviava-se dos corpos e se contorcia sofrida para tirar dos restos sua sobrevida. Olhos sãos viam seu sorriso quebrado, aberto a cada cálice erguido, como se brindasse com o sol quase ido num rápido gozo logo perdido ao voltar seus olhos para o chão.
No dia seguinte, os olhos azuis despertarão sem saber que do feitiço que os consumira, a velha senhora e tantos outros tiravam o elixir essencial de suas vidas. Se é que em algum momento vivem.
....
Na noite de ontem, passamos bons momentos com a mãe da wife e seus tios em Joensuu. Passamos um tempinho nos arredores do Ilosaarirock (onde 21 mil pessoas se esbaldavam num dos mais conhecidos festivais de verão e curtiam Children of Bodon, Stratovarius, e outros astros do rock e outros ritmos). Depois andamos pro centro da cidade, onde bebemos cerveja e comemos fritas com salsicha numa barriquinha de uns turcos. Hoje, depois de um almoço ótimo, seguimos para Koli, de onde escrevo no hotel. A vista é linda, uma das imagens clássicas da Finlândia: lagos, pequenas ilhas e pinheiros por todo lado. Amanhã cedo, pretendo acordar pra ver o nascer-do-sol. O problema é que o sol nasce pelas 4, 5 da manhã...ixi! Vamos ver no que dá!
"10 segundos olhando a velha catadora de latas"
O lenço que a protegera do sol, no cair da noite clara de Joensuu aquecia suas orelhas sem deixar de impedir que seus tímpanos vibrassem com o ruído estrondoso que atravessava as cercas e varava a cidade. Seus olhos cansados pareciam não se importar com o rugir das guitarras e baterias.
Milhares de olhos semi-mortos vagavam avermelhados sem perceber a velha e suas rugas queimadas de sol, sua boca destrocada pelo tempo e suas mãos umidecidas pelo veneno que os fizeram vagar zumbis ao seu redor. Envergavam-se com o peso de suas cabeças encharcadas. A brisa lhes soprava como se os chacoalhassem em tentativa vãs de despertá-los do transe.
E a senhora seguia, do Ilosaarirock nada sabia. No rastro dos bêbados, desviava-se dos corpos e se contorcia sofrida para tirar dos restos sua sobrevida. Olhos sãos viam seu sorriso quebrado, aberto a cada cálice erguido, como se brindasse com o sol quase ido num rápido gozo logo perdido ao voltar seus olhos para o chão.
No dia seguinte, os olhos azuis despertarão sem saber que do feitiço que os consumira, a velha senhora e tantos outros tiravam o elixir essencial de suas vidas. Se é que em algum momento vivem.
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Na noite de ontem, passamos bons momentos com a mãe da wife e seus tios em Joensuu. Passamos um tempinho nos arredores do Ilosaarirock (onde 21 mil pessoas se esbaldavam num dos mais conhecidos festivais de verão e curtiam Children of Bodon, Stratovarius, e outros astros do rock e outros ritmos). Depois andamos pro centro da cidade, onde bebemos cerveja e comemos fritas com salsicha numa barriquinha de uns turcos. Hoje, depois de um almoço ótimo, seguimos para Koli, de onde escrevo no hotel. A vista é linda, uma das imagens clássicas da Finlândia: lagos, pequenas ilhas e pinheiros por todo lado. Amanhã cedo, pretendo acordar pra ver o nascer-do-sol. O problema é que o sol nasce pelas 4, 5 da manhã...ixi! Vamos ver no que dá!