"Ele está no meio de nós", respondíamos alto ao padre na missa de cada domingo em meus tempos idos de católico. Quando moleque eu sempre olhava pros lados pra ver em que lugar da igreja Ele estava. Hoje eu não o procuro mais. Mas a cada vez que vejo as notícias recentes do Brasil e da Finlândia, acredito que Ele esteja isolado, ouvindo as arpas celestiais lá no paraíso para não ter que ouvir Seu nome sendo usado tão em vão por aí.
No Brasil, há uma e-inquisição obrando forte online e offline para queimar a candidata à presidência. Uma onda nacional uniu igrejas cristãs rivais pra tacar fogo no dia... digo, na "diaba vermelha abortista e pró-gays" e seus seguidores/eleitores.
Por aqui, na Finlândia, radicais cristãos participaram de um debate na TV esses dias e reafirmaram com veemência suas posições anti-homossexuais. O assunto por aqui está rendendo e qualquer semelhança com as discussões no Brasil não é mera coincidência.
A polêmica líder do partido Democratas Cristãos, Päivi Räsänen, é a pivô das discussões e porta-voz dos cristãos mais tradicionais. Contra a união civil de homossexuais, Räsänen disse esses dias: "[...]casamento e o direito de adotar crianças é coisa entre homem e mulher, e é assim que está na lei no momento". Ela também disse: "Nós não colocamos o casamento entre sexos na pauta das eleições. Mas o Partido Verde o fez ao colocar o assunto no programa de políticas governamentais. Nosso objetivo é bloquear essa ação nas próximas eleições".
Räsänen também se mostra contra o aborto, que é legal por aqui não só em casos de risco ou estupro, mas por questões socio-economicas (gravidez adolescente ou falta de condições (€) do casal para manter uma criança). Ela diz: "A vida deve ser protegida mesmo quando ela é pequena e frágil. A vida começa na concepção, e a legislação atual não protege a vida do bebê ainda não-nascido".
Se você está acompanhando as eleições no Brasil (ou se tem Facebook, Orkut ou qualquer tipo de vida social), você já ouviu conversa semelhante. Só que ao contrário da adesão em massa brasileira aos valores tradicionais cristãos, a repercussão por aqui após o programa foi tão ruim que quase 30 mil pessoas (e aumentando) se desvincularam oficialmente da igreja Evangélica Luterana (igreja nacional ao lado da Igreja Ortodoxa Finlandesa).
A diferença aqui é que grande parte da população (tendo se desvinculado ou não da igreja) está com a Primeira Ministra Mari Kiviniemi ao considerar que política e religião não devem se misturar. Tipo, não é papel da igreja definir leis assim como não é papel de políticos definir pecados. Por isso muitos não tem nem paciência pra ouvir as opiniões extremistas da Räsänen. Mas no Brasil é o contrário. Para muitos, ser radical é ir "contra as leis de Deus". Por lá, ser sensato como a Kiviniemi é carimbar o bilhete de ida pro inferno com direito a leito de mármore e tudo.
E eu fico me perguntando se esse tipo de visão extrema, pouco realista e ultrapassada (além de enxerida, pois o que tem a igreja a ver com decisões e opções pessoais de cada um?) tem o aval de Deus. Infelizmente, Ele não foi encontrado para dar declarações sobre o assunto.
No Brasil, há uma e-inquisição obrando forte online e offline para queimar a candidata à presidência. Uma onda nacional uniu igrejas cristãs rivais pra tacar fogo no dia... digo, na "diaba vermelha abortista e pró-gays" e seus seguidores/eleitores.
Por aqui, na Finlândia, radicais cristãos participaram de um debate na TV esses dias e reafirmaram com veemência suas posições anti-homossexuais. O assunto por aqui está rendendo e qualquer semelhança com as discussões no Brasil não é mera coincidência.
A polêmica líder do partido Democratas Cristãos, Päivi Räsänen, é a pivô das discussões e porta-voz dos cristãos mais tradicionais. Contra a união civil de homossexuais, Räsänen disse esses dias: "[...]casamento e o direito de adotar crianças é coisa entre homem e mulher, e é assim que está na lei no momento". Ela também disse: "Nós não colocamos o casamento entre sexos na pauta das eleições. Mas o Partido Verde o fez ao colocar o assunto no programa de políticas governamentais. Nosso objetivo é bloquear essa ação nas próximas eleições".
Räsänen também se mostra contra o aborto, que é legal por aqui não só em casos de risco ou estupro, mas por questões socio-economicas (gravidez adolescente ou falta de condições (€) do casal para manter uma criança). Ela diz: "A vida deve ser protegida mesmo quando ela é pequena e frágil. A vida começa na concepção, e a legislação atual não protege a vida do bebê ainda não-nascido".
Se você está acompanhando as eleições no Brasil (ou se tem Facebook, Orkut ou qualquer tipo de vida social), você já ouviu conversa semelhante. Só que ao contrário da adesão em massa brasileira aos valores tradicionais cristãos, a repercussão por aqui após o programa foi tão ruim que quase 30 mil pessoas (e aumentando) se desvincularam oficialmente da igreja Evangélica Luterana (igreja nacional ao lado da Igreja Ortodoxa Finlandesa).
A diferença aqui é que grande parte da população (tendo se desvinculado ou não da igreja) está com a Primeira Ministra Mari Kiviniemi ao considerar que política e religião não devem se misturar. Tipo, não é papel da igreja definir leis assim como não é papel de políticos definir pecados. Por isso muitos não tem nem paciência pra ouvir as opiniões extremistas da Räsänen. Mas no Brasil é o contrário. Para muitos, ser radical é ir "contra as leis de Deus". Por lá, ser sensato como a Kiviniemi é carimbar o bilhete de ida pro inferno com direito a leito de mármore e tudo.
E eu fico me perguntando se esse tipo de visão extrema, pouco realista e ultrapassada (além de enxerida, pois o que tem a igreja a ver com decisões e opções pessoais de cada um?) tem o aval de Deus. Infelizmente, Ele não foi encontrado para dar declarações sobre o assunto.