O Léo continua na Finlândia, mas o blog chegou ao fim. As postagens favoritas do autor estão aí para a memória dele e de quem tiver sem nada melhor pra fazer além de ler blog velho. :) Qualquer coisa, entra em contato por e-mail: lecczz@gmail.com.

domingo, 27 de setembro de 2009

Picasso em Helsinki: Uma vida no Ateneum

É 1901.

Como pode a morte gerar tanta vida?

Ao lado direito na primeira sala vê-se o corpo defunto brilhando à luz da vela que queima amarela, laranja e vermelha cortando o corpo esverdeado do morto. Ele se matou como fizera Van Gogh. Picasso o pintou como se uma homenagem ao artista holandês fizesse. Ou seria uma homenagem ao amigo morto? Seria a vela uma vagina representando o amor entre os amigos antes que o outro se suicidasse? Muitas perguntas pras quais as respostas são o que menos interessa.
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Essa é a grande sacada das exibicões de arte. Cada instante, cada história de cada quadro ou escultura ou figura te joga pra dentro da sua mente. Não tem sentido certo, apenas a busca pelo sentido. Se Picasso sabia pintar arte clássica, porque ele resolveu "baguncar" tudo? É certo que por isso virou gênio, mas porque?

Essa foi a pergunta que eu tentei me fazer nas duas horas em que passamos no Ateneum em Helsinki vendo as obras de Pablo Picasso. Acho que isso é que dá graca. Ao invés de fingir saber tudo de arte, é melhor se admitir que não se sabe pra poder curtir o aprendizado ao invés de se preocupar em manter a cara de conteúdo e as aparências de intelecto. E o bom desta exposicão é que é de fato possível entender o que faz de Picasso um dos maiores artistas do século XX.

Se você for à exibicão, prepare pelo menos 22 euros pros custos essenciais no museu. A entrada está 16 e (14 para estudante). Além disso, invista 3e no guia escrito e mais 3e no guia de áudio. Ambos estão disponíveis em finlandês, sueco e inglês e dão as informacões básicas pra se entender porque o negócio esquisito na parede é um violino, ou porque o pé, o braco e a cabeca estao virtualmente no mesmo lugar, entre outras coisas. O guia e o áudio se completam, mas se tiver que escolher, escolha o áudio. Te ajuda a não ouvir a barulheira e te dá informacões q não estão disponíveis no pequeno parágrafo numa folha perto das portas das salas.

A exibicão é dividida em períodos: o jovem artista (1901-07), indo ao cubismo (1907 - 1909), cubismo (1909 - 1919), do cubismo ao clacissismo (1914 - 24), surrealismo (1924 - 34), surrealismo (1930 - 1935), Espanha em guerra (1936 - 39), Anos de guerra (1941 - 52), pop art (1946 - 1970), os últimos anos (1970 - 73).

Essa divisão por períodos é bacana pq ajuda a entender as transformacões na obra do Pablo. Entre as obras que eu mais gostei estão A morte de Carlos Casagemas (Descrito acima), Corrida: La mort du torero, Homme à la Guitare, Tête de Taureau (pela simplicidade), La femme qui pleure, Portrait of Dora Maar e a peca sobre a guerra da Coreia. Tem outros tb, claro, mas estes foram os que me fizeram pensar mais seja pela estética, seja pela história ou seja pela complexidade das obras.

Enfim, vale a pena mesmo ir ao Ateneum mesmo que alguns dos trabalhos mais famosos de Picasso - como Guernica - não estejam lá. Eu estava tentado a colocar as imagens dos quadros e esculturas que mais gostei aqui. Mas não, é melhor você ir lá ver. Dá uma lida preparatória sobre o artista na Wikipedia (onde os períodos estao divididos mais ou menos como na exibicão), pega o trem ou metrô pra Helsinki (ou o tram/a bicicleta/ o tênis confortável se você mora na capital) e se deixe levar pela paixão que guiou as mãos de Picasso por toda sua vida.