Complicando e contradizendo momentos dos dois últimos posts.
Vantagens de se ter uma Wife inteligente, pensante e provocadora. :)
Durante as duas últimas semanas, eu participei de palestras, seminários e workshops na Universidade de Helsinki. Ontem foi a última quando apresentei o tema da minha pesquisa de doutorado pra uma mesa de doutorandos e um doutor belga especializado em sociologia da mídia e discurso. Eu tinha tudo para estar nervoso e preocupado. Se você leu meu antigo e extinto post "A ovelha e os lobos" sabe porque. Mas ao contrário, tudo correu bem. Desta vez, falei bem e fui convincente. Seguro. Não fui ovelha, falei de igual para igual com os lobos. Em menos de uma semana trabalhei nas minhas fraquezas e articulei melhor o que tinha a dizer. E o que tem isso a ver com os posts anteriores? Bem, é "simples": Eu não sou ovelha. Eu não sou lobo. Eu sou eu tentando dar conta de situações diferentes. Assim como o que eu faço por conta da saudade não me definem nem como brasileiro, nem como pessoa.
Ou seja, saudade não tem a ver com identidade como eu deixei escapar antes. O fato de eu ouvir música brasileira aqui na Finlândia e me sentir super-bem ou super-triste ou extravasar como eu fiz no Clube Brasil não definem a pessoa que eu sou, apenas as coisas das quais eu sinto falta. Um pedaço num tempo ido (vivido ou não) que me remetem a lembranças de outros tempos (que não existem mais nem pras pessoas que continuam lá no meu Brasil). Lembranças e só. Essas coisas me aliviam ao viver no novo, tiram um peso das costas e da mente. Mas no fim, minha vida vai continuar e minhas facetas vão se formando de acordo com o que vivo a cada dia, em situações diferentes. Essa confusão me deixa me perguntando com muita curiosidade: Por que eu misturei saudade com identidade?
Por que tive essa necessidade confusa, mesmo que momentânea, de confundir deliberadamente meus gostos com meu "eu"? Logo eu que sempre fui tão certo de mim, tão disposto a ir contra a todas as dificuldades de adaptação pra me adaptar. Logo eu que critico quem se prende ao passado com medo do presente, tão incerto quanto o futuro. Eu fiz o mesmo. Talvez tenha sido isso: Medo. Uma pontinha subconsciente de receio das incertezas do novo. Ou seria uma pontinha de cansaço por ter de lidar, constantemente, com o caos da vida onde somos indivíduos soltos tendo que forçadamente se adaptar à situações diferentes o tempo todo? Se aliviar a saudade é essencial pra reforçar o que somos (nossa identidade pessoal), será que estamos condenados a nunca sermos completamente nós mesmos em situações onde não podemos ter contato com o que consideramos essencial do nosso passado? Ou podemos nos descobrir muito mais se separarmos uma coisa da outra?
Durante as duas últimas semanas, eu participei de palestras, seminários e workshops na Universidade de Helsinki. Ontem foi a última quando apresentei o tema da minha pesquisa de doutorado pra uma mesa de doutorandos e um doutor belga especializado em sociologia da mídia e discurso. Eu tinha tudo para estar nervoso e preocupado. Se você leu meu antigo e extinto post "A ovelha e os lobos" sabe porque. Mas ao contrário, tudo correu bem. Desta vez, falei bem e fui convincente. Seguro. Não fui ovelha, falei de igual para igual com os lobos. Em menos de uma semana trabalhei nas minhas fraquezas e articulei melhor o que tinha a dizer. E o que tem isso a ver com os posts anteriores? Bem, é "simples": Eu não sou ovelha. Eu não sou lobo. Eu sou eu tentando dar conta de situações diferentes. Assim como o que eu faço por conta da saudade não me definem nem como brasileiro, nem como pessoa.
Ou seja, saudade não tem a ver com identidade como eu deixei escapar antes. O fato de eu ouvir música brasileira aqui na Finlândia e me sentir super-bem ou super-triste ou extravasar como eu fiz no Clube Brasil não definem a pessoa que eu sou, apenas as coisas das quais eu sinto falta. Um pedaço num tempo ido (vivido ou não) que me remetem a lembranças de outros tempos (que não existem mais nem pras pessoas que continuam lá no meu Brasil). Lembranças e só. Essas coisas me aliviam ao viver no novo, tiram um peso das costas e da mente. Mas no fim, minha vida vai continuar e minhas facetas vão se formando de acordo com o que vivo a cada dia, em situações diferentes. Essa confusão me deixa me perguntando com muita curiosidade: Por que eu misturei saudade com identidade?
Por que tive essa necessidade confusa, mesmo que momentânea, de confundir deliberadamente meus gostos com meu "eu"? Logo eu que sempre fui tão certo de mim, tão disposto a ir contra a todas as dificuldades de adaptação pra me adaptar. Logo eu que critico quem se prende ao passado com medo do presente, tão incerto quanto o futuro. Eu fiz o mesmo. Talvez tenha sido isso: Medo. Uma pontinha subconsciente de receio das incertezas do novo. Ou seria uma pontinha de cansaço por ter de lidar, constantemente, com o caos da vida onde somos indivíduos soltos tendo que forçadamente se adaptar à situações diferentes o tempo todo? Se aliviar a saudade é essencial pra reforçar o que somos (nossa identidade pessoal), será que estamos condenados a nunca sermos completamente nós mesmos em situações onde não podemos ter contato com o que consideramos essencial do nosso passado? Ou podemos nos descobrir muito mais se separarmos uma coisa da outra?